A nossa memória é uma colcha de retalhos, fragmentos e recordações de momentos vividos.
Uma fragrância, um perfume pode nos fazer recordar um momento bonito e especial vivido por nós. O aroma de café pode fazer voltar a lembrança uma viagem especial onde aprendi muitas coisas importantes para a vida. O cheiro de flores de laranjeira pode nos fazer lembrar de uma doce infância vivida no campo.
Uma peça musical, "Wave" de Tom Jobim me lembra um momento vivido ao lado de uma pessoa especial que me deixava muito feliz. "Bolero" de Maurice Ravel me traz a lembrança um momento muito difícil que vem sendo superado.
Uma pura, simples e ingênua foto de um monumento natural como o Corcovado no estado do Rio de Janeiro, me traz de volta a memória o cheiro do mar, a textura da areia da praia nos pés, as pessoas de corpo bronzeado ao Sol, horas divertidas, boas conversas e risadas durante períodos de confinamento em hotéis antes de um show, a concentração durante o trajeto até o local do evento, a tensão minutos antes de uma apresentação musical e finalmente a sensação do dever cumprido e a felicidade estampada no rosto das pessoas após a apresentação.
Um prato de culinária diferenciada como tofu, me traz de volta o gosto e o despertar pelo inesperado e pelo desconhecido, o gosto da eterna descoberta, do exótico, do peculiar.
Ao sentar-se em uma varanda e com um olhar fortuito observar as formigas, sim, as formigas em sua forma pueril, carregando um fragmento de ração para cães, que além de ser infinitamente maior em tamanho e em peso, me fez refletir e lembrar de que persistência, esforço em conjunto e dedicação superam qualquer desafio e que amizade, companheirismo e colaboração são mais importantes que individualidade pretensiosa e descabida.
A memória dos que tem sensibilidade, mesmo depois de momentos turbulentos e tristes é sempre marcada pelo passar de um ônibus, cujo o itinerário o conduzia para ver a namorada ou namorado, que um dia, em um sonho inocente e puro, juraram amor eterno e se uniram e que por mazelas que a natureza humana traz consigo se separam e que traz doloridamente as marcas da tristeza e do sentimento agudo do fracasso.
O simples ato de acender um cigarro em uma noite, traz de volta o sentimento da mais pura solidão e que tudo na vida se acende, brilha e se apaga e que a vida, por mais que se diga ao contrário, é breve e instantânea.
Memórias são o maior dos tesouros, o meu maior tesouro, mas as memórias também são a maior das dores. Aqueles que tem a alma sensível, pura e sincera, também sente as dores que momentos nos causam. Mas se não se tem memórias, como haverá de ter vida, como haverá de se aprender, de melhorar, de rir e de chorar?
Memórias são e sempre serão memórias
